Na manhã do último domingo (27), a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, a Tropa de Choque e o Departamento de Operações Especiais da Fronteira (DOF) realizaram o despejo ilegal, sem mandado judicial e de forma truculenta, das famílias de 300 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra que ocuparam uma área da empresa JBS, no município de Dourados (MS). A área, ocupada no sábado (26), está improdutiva há mais de 12 anos e é reivindicada para fins da Reforma Agrária. t46
Segundo o MST, após a ocupação, drones sobrevoaram a região e a polícia fez três idas ao acampamento, alegando ser ordem do Batalhão de Campo Grande (MS) e aguardavam a liminar de despejo. Porém, durante a madrugada as forças policiais fecharam a rodovia que liga o acampamento à cidade, não deixando o de entrada nem de saída das famílias ocupantes.
Mesmo frente à contestação das famílias sobre a falta do mandado judicial para a realização do despejo, o aparato de agentes opressores do estado avançou sobre as trabalhadoras e os trabalhadores, encurralando as famílias, atirando balas de borracha e fazendo uso de gás lacrimogêneo. Em seguida, iniciaram a derrubada dos barracos.
As famílias Sem Terra se reuniram e protestaram no local contra a violência policial. Representantes do Incra conseguiram o ao local para mediar o ataque ilegal contra as pessoas acampadas.
A ocupação é uma ampliação do Acampamento Esperança, onde 270 famílias do MST vivem há cerca de dois anos, na beira da rodovia MS-379. No local, trabalhadores e trabalhadoras produzem alimentos agroecológicos, dando função social à terra ocupada. No entanto, de acordo com o movimento, as famílias são vítimas de constantes violências. Somente em 2024, a comunidade foi alvo de três incêndios e um ataque de pistoleiros.
Em nota de repúdio ao ataque de 27 de abril, a diretoria do ANDES-SN ressaltou que essa investida é parte das ações do agronegócio sobre os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, assim como sobre as terras indígenas. “No ano de 2024, o Acampamento Esperança sofreu ataques de jagunços dos fazendeiros locais a partir da manifestação de solidariedade do MST às investidas sobre as terras indígenas e sobre as vidas dos Guarani Kaiowá na Terra Indígena Panambi Lagoa-Rica, em Douradina (MS), que, mesmo reconhecida como TI legalmente desde 2011, ainda é alvo de ações dos jagunços”, afirma a nota.
A diretoria do Sindicato Nacional manifestou ainda adesão à Nota de Solidariedade lançada pelo MST sobre o ocorrido e conclama as demais entidades que possam fazê-lo. “A diretoria do ANDES-SN repudia com veemência esta violência de Estado. A postura do estado tem impulsionado a concentração fundiária no país, em que 1% das propriedades rurais concentram 45% da área rural e, cada vez mais, locupletam a oligarquia rural do país e sequestram a Reforma Agrária prevista constitucionalmente. Exigimos ações incisivas do Estado nas ações de Reforma Agrária sobre as terras improdutivas”, ressalta a nota do ANDES-SN. e aqui a nota na íntegra.
Com informações do MST. Foto: MST/MS